2 de dez. de 2011

PRINCIPAIS CONCEITOS - MÓDULO III

A partir do século XIX, as teorias trazem uma conceituação pseudociêntífica sobre racismo. Defendem a ideia de que as diferenças físicas e hereditárias definem as diferenças morais e culturais de determinados grupos. Tal teoria conhecida como racismo científico trouxe sérios reflexos segregacionistas e extermínio de populações ditas inferiores como os eventos do nazismo e do apartheid.Outra teoria que considera o racismo como um fenômeno próprio da modernidade, que dá início a uma nova forma de observar o mundo, afastando-se da religião como forma de explicar  todas as coisas.

O racismo como fenômeno histórico tem suas origens nas discussões acerca do Iluminismo, que foi um movimento político, filosófico e social que inspiraram grandes transformações na Europa entre os séculos XVIII e XIX. A partir daí, ampliam-se os debates a respeito do relativismo e do universalismo. O relativismo defendia que a cultura é uma construção da humanidade, não sendo possível julgar outras culturas a partir de sua própria base cultural. Já o universalismo acreditava existir critérios universais para o julgamento da moral, significando superioridade das sociedades européias sobre as outras.

O tráfico de escravos africanos para as Américas inevitavelmente começou a ser associado à inferioridade dos negros. Essa escravidão foi amplamente refletida pelos iluministas que debatiam a respeito do direito natural, ou seja, os direitos que são inerentes à natureza humana. A escravidão dos negros passa a ter como justificativa a inferioridade dada pela cor que encontrava-se associada ao que acreditavam ser sua inferioridade intelectual. Esta concepção, mesmo não sendo científica, acaba por instaurar uma hierarquia na humanidade.
A identidade étnica diz respeito ao sentimento de pertença à determinados grupos, que compartilham modelos de vida e histórias em comum. Nesse sentido é fundamental o estudo em questão para que, enquanto gestores de gênero e raça, não caiamos no erro de discriminarmos nosso semelhante, ou seja, aqueles que compartilham da mesma identidade étnica que nós, povo brasileiro.
Com a Abolição da Escravatura, pela Lei Áurea, ao contrário do que se pode imaginar, foi uma problemática enfrentada na época que, tem seus resultados refletidos até os dias atuais. A questão de como se constituir uma nação habitada majoritariamente por ex-escravos negros e mestiços, gera um “impasse racial” que acaba sendo agravado pelas teorias racistas vindas da Europa no período.
Com a vigência do Estado Novo - décadas de 1930 e 1940 – os questões identitárias sobre a sociedade brasileira foram resolvidas por meio de implementações do projeto modernista, projeto artístico que propunham a todos artistas olharem para os elementos nacionais como base de suas produções.
Há uma forte relação da estratificação social com a questão racial e de gênero. A questão da pobreza trata da falta de recursos, enquanto o problema da desigualdade trata da má distribuição dos recursos.
A desigualdade pode ser analisada através da diferença de oportunidades e de resultados. Articulados, essas desigualdades geram diferenças na aquisição de capacidades levando a diferentes performances e por conseqüência, gerando diferenças nas recompensas.
No mercado de trabalho conseguimos contemplar os reflexos das desigualdades. A população negra ainda possui os piores índices de emprego e condições de trabalho. O índice de desemprego reforça essa diferença, os negros ainda são maioria fora do mercado de trabalho.

No início do século XX dá-se início aos primeiros protestos antirracistas nos jornais e associações negras. Acontece nesse período, formas de enfrentamento dos que impediam os negros de exercerem seus direitos. Essa situação de enfrentamento levam os negros a construírem locais próprios para sociabilidade e nesses locais passam a discutir sobre suas situações raciais.
Esse movimento marca o primeiro ciclo de mobilização do movimento negros denominado de Frente Negra Brasileira. Alguns negros que haviam conquistado alguma ascensão tornam-se líderes deste movimento e passam a ser nomeados por elites negras.
No pós-Estado Novo, surgem novas formas de manifestação. Em meados de 1940 surgiram os grupos: União dos Homens de Cor (UHC) e o Teatro Experimental Negro (TEM). Essas organizações seguiam as mesmas estratégias da Frente Negra Brasileira, formando grupos de solidariedade que prestavam serviços e doações a pessoas mais carentes.
Foi no período entre 1980 e 1990, período contra a ditadura que surgem mobilizações femininas pela abertura democrática. Esse movimento dá ênfase as desigualdades raciais contra as mulheres em diversas áreas como: educação, trabalho e política. Destaca ainda que, embora o sexismo atinja todas as mulheres, ele é ainda mais latente sobre as mulheres negras que sofrem ainda com o racismo.

Foi realizado o “I Encontro Estadual de Mulheres Negras” no ano de 1984, com o objetivo de construir uma identidade própria e propor estratégias em favor desse grupo. Desse encontro surgem novas articulações, fortalecendo a construção e organização de outros grupos em diversos lugares do país.

Começam a surgir os primeiros conselhos e secretarias com a finalidade de gerir as necessidades dos afrobrasileiros, como  o Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra do Estado de São Paulo, em 1984.
 

Um comentário: